A Câmara dos Deputados já desembolsou R$ 807,5 mil para Gabriela Batista Pagidis, de 30 anos, fisioterapeuta apontada como funcionária fantasma do gabinete do presidente da Casa, Hugo Motta. Lotada como secretária parlamentar desde junho de 2017, Gabriela nunca foi vista exercendo funções no Congresso e mantém rotina profissional exclusiva em clínicas de fisioterapia em Brasília.
Na segunda-feira (14), Gabriela foi vista atendendo no Instituto Costa Saúde, na Asa Norte. Às terças e quintas, atua no Centro Clínico Bandeirantes. Na sexta-feira passada, durante o expediente, foi vista na academia e depois no Zoológico, sem ir ao Congresso.
Ela foi inicialmente nomeada secretária parlamentar em 2014, no gabinete do então deputado Wilson Filho, hoje secretário de Educação da Paraíba e aliado de Hugo Motta. Considerando todos os pagamentos desde então, o valor ultrapassa R$ 890 mil.
Sua trajetória acadêmica também levanta dúvidas: cursou fisioterapia em tempo integral na UnB entre 2014 e 2019 e concluiu duas pós-graduações, incompatíveis com o cargo de dedicação exclusiva no Legislativo.
Segundo a Folha de S. Paulo, o gabinete de Motta também abriga outras duas supostas funcionárias fantasmas. Louise Lacerda, estudante de medicina em tempo integral em João Pessoa, e Monique Magno, assistente social da Prefeitura da capital paraibana há quatro anos, o que configura possível acúmulo irregular de cargos.
Em nota, a assessoria de Motta disse que o presidente “preza pelo cumprimento das obrigações dos servidores, incluindo os que atuam remotamente e são dispensados do ponto conforme as regras da Casa”.
A Câmara afirmou que não controla diretamente a frequência dos servidores e que cabe ao gabinete fiscalizar. O caso pode gerar investigações por improbidade administrativa, enriquecimento ilícito e uso indevido de verba pública, reacendendo o debate sobre transparência no Legislativo.
